Bem-vindo ao meu blog, onde eu coloco todas as coisas interessantes que eu tropeço!

A história dessa fratura aconteceu numa situação que pode até ser considerada comum de ocorrer, com exceção do efeito ter sido um pouco além do normal. Ocorreu uns dois anos após o evento anterior, já mais adolescente. Era costume de todos os sábados eu ir de bicicleta com meu pai ao mercado. Era muito bom poder pedalar com ele, sempre bastante cuidadoso. 

O mercado que íamos ficava relativamente longe de casa, mas de onde morávamos era o mais perto e o que meu pai mais gostava de comprar carnes, principalmente para fazer aquela comida caprichada de final de semana. Lembro que todos os sábados, assim que eu acordava e tomava café da manhã, meu pai já estava me esperando para irmos. 

O trajeto misturava asfalto com viaduto, rua com e sem cascalho, ruas com nascentes de água e calçadas irregulares das casas, dependia de qual caminho seguíamos. Descrevendo assim, dá impressão que morávamos bem "no mato" mas na realidade, era que indo pelo interior dos bairros, havia muitas ruas simplesmente sem nenhuma casa e com muitas árvores; a natureza ainda estava conservada em alguns pontos.

Tirando o relevo elevado lá ao fundo e considerando que era região urbana, um dos caminhos que seguíamos era parecido com esse

No dia em que ocorreu minha sexta fratura em questão, fizemos o caminho mais "fácil", fomos pelo asfalto principal. Era um pouco mais longo do que ir cortando pelos bairros e ruas cascalhadas, porém era o mais plano para andar. Num dos pontos do trajeto, havia um trecho em que era somente subida, em que a gente descia da bicicleta e ia empurrando até alcançar a parte plana novamente. Havíamos acabado de terminar a subida e voltamos às bicicletas.

Não sei exatamente por que, mas me chamou a atenção um homem de bicicleta que passou por nós, enquanto começava a pedalar. Ele já havia se distanciado e umas 10 pedaladas depois disso, meu pai na frente, nós dois bem devagar e no reto, eu acabei não prestando atenção e a roda da bicicleta passou em cima de uma pedra solta. No mesmo instante a bicicleta se desequilibrou e eu acabei caindo em cima do braço esquerdo. 

Já na hora senti a dor e pela experiência já sabia o que havia ocorrido. Meu pai parou no mesmo instante e veio acudir. Levantei e já com muita dor falei pra ele que tinha quebrado o braço. Um pouco incrédulo, ele tentou olhar, mas não dava para ver o braço, pois como estava frio, eu vestia um moletom branco. Ao tentar ver, ele me comentou assustado que estava tudo ensanguentado o moletom por baixo. Me apavorei, pois não havia percebido. Compreendi no mesmo instante o que havia ocorrido, era fratura exposta.

Voltamos para casa, meu pai contou para minha mãe a façanha e imediatamente depois ela me levou ao médico. Na clínica, depois de retirarem o moletom, minha mãe e eu fizemos questão de não ver como estava o braço. O médico falou apenas uma ponta do osso havia saído e que não precisaria operar. Fiquei mais aliviado. 

Após anestesia local, umas torções, puxões e estalos depois, o médico já havia colocado as coisas no lugar e posto o gesso. Minha mãe novamente contou o histórico de fraturas e perguntou se eu não tinha nenhum problema ósseo. O médico falou a mesma coisa que os demais já haviam dito, os ossos estavam ok, era eu que eu não sabia cair ou era por azar mesmo.

Minha mãe, depois em casa veio conversar comigo e me disse uma coisa que fez sentido, mas que na época não compreendi direito e nem sabia como lidar, que talvez o motivo de eu me machucar tão fácil era por ser ingênuo demais, que me faltava malícia. Realmente, ela tinha razão, eu era bastante ingênuo, e isso ficava muito visível principalmente na escola, junto dos meus colegas. Sempre fui uma criança muito isolada e isso somado a extrema timidez era a chave da explicação das minhas fraturas. Só fui entender isso anos mais tarde.

Fato é que depois disso desse acontecimento, minha mãe acabou proibindo eu de andar de bicicleta por anos, e mesmo depois de passado o trauma, por questões de deixá-la mais tranquila, resolvi não pedalar mais. Acabamos vendendo a bicicleta e meu pai continuou indo ao mercado nos sábados, mas sozinho.

  

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