Bem-vindo ao meu blog, onde eu coloco todas as coisas interessantes que eu tropeço!

Essa famosa história rende muitas risadas sempre que eu conto. Ocorreu quando fui a Campos do Jordão, São Paulo, fazer umas coletas de peixes e experimentos para meu doutorado. O local em que eu havia ido, uma estação experimental de piscicultura, fica dentro de um Parque Estadual, conhecido também como Horto Florestal e é aberto durante o dia para visitação do público. É bastante visitado por turistas, pois entre os atrativos há trilhas, lojas de artesanato, bosques, orquidário, viveiro de mudas, restaurante e outras coisas. A área preservada é bastante extensa, recoberta por Mata Atlântica de altitude.   




O lugar é muito bonito, para quem tiver oportunidade e curte natureza, recomendo dar uma visitada


Estação experimental de Truticultura

A região é relativamente afastada do centro urbano da cidade e quando eu fui, fiquei durante uma semana. Posava num dos alojamentos do parque, que são exclusivos para pesquisadores, estagiários ou trabalhadores que vão lá permanecer algum período. 

O alojamento em que havia ficado, fica bem próximo à entrada do parque, sendo afastado uns 4 km de caminhada da Estação de Truticultura, em que eu ia todos os dias cedo e voltava já anoitecendo. A noite, o parque fecha para visitação, podendo permanecer lá dentro somente os funcionários ou pesquisadores nos alojamentos. Quando eu fui, meados de Janeiro, durante a noite ficava completamente vazio, já que era período de férias. Praticamente o único alojamento com alguém era o que eu estava. Junto comigo havia outro rapaz, um acadêmico de administração, fazendo estágio na secretaria do Parque. Ele me comentou que não morava no estado de São Paulo, era de Minas e todo final de semana ele voltava para casa. Sempre que eu voltava da estação ao alojamento, quase anoitecendo, o rapaz já estava lá dentro, com exceção do dia em que fugi da capivara. 

As capivaras são os maiores roedores do mundo, sendo conhecidas por serem bastante dóceis e sociáveis.

Capybara hugging cat
                                 Ã‰, confesso que são seres simpáticos.                    imgur


Naquela sexta feira, o último dia de trabalho em que fiquei lá, havia sido o mais corrido e as atividades haviam se estendido um pouco mais. Quando eu saí da estação, já estava quase escuro, mas ainda dava pra enxergar o caminho. Como era uma caminhada de uns 40 min até o alojamento, resolvi apressar o passo. Gostei da caminhada, estava fresco e durante todo o trajeto ouvia-se apenas o som da natureza, já que não havia mais ninguém dentro do parque. 
Já quase me aproximando do alojamento, eu vindo apressado pelo caminho quando de repente escuto um grito, berro, rugido (sei lá como chama o som produzido) de um bicho grande, que na hora me fez arrepiar os cabelos. Olhei rapidamente em direção ao som e vi o ser famigerado que o produzia - uma única e isolada capivara no meio de um campo. 

Achei curioso porque ela estava sozinha e reparei que começou a me encarar, e os pelos das costas se eriçaram. Pensei, só falta agora esse bicho querer me atacar aqui no meio do nada. Andei mais ligeiro ainda, quase correndo, até ela não conseguir me ver mais. Ainda ouvia os berros dela, não olhei para trás mas deu impressão que ela estava me seguiu durante algum tempo.


A única foto que consegui tirar da capionça. Vejam os pelos das costas arrepiados.

Chegando no alojamento, já escuro pelo anoitecer, me deparo com mais uma coisa: o carro do rapaz não estava lá. Na hora já lembrei que ele havia comentado que ele voltava para casa nos finais de semana e me deu um embrulho no estômago, porque lembrei que não havia combinado como faríamos com a chave. 

Se não conseguisse entrar, já estava pensando na possibilidade de ter que voltar todo o trajeto até a estação, no escuro, e com a capivara na espreita. Mas eis que me veio a ideia de procurar a chave por perto da porta. Vasculhei cada canto e perto do tanque de roupa, já quase desistindo, vi a fonte do meu alívio do dia, a chave ali estava, num vão do tijolo. Dormi aliviado, pensando onde estaria aquela capivara maluca.


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