Após os acontecimentos anteriores, já estava bastante mudado. Não fazia mais correria sem motivos e sempre preferia ficar quieto. Já minha diversão estava mais focada em brincar sozinho ou inventar alguma coisa pra passar o tempo. Como era uma criança bastante solitária, gostava de acompanhar meu pai nos afazeres domésticos no quintal de casa e aproveitava pra ficar por perto inventando moda.
Acontece que nem sempre as brincadeiras davam muito certo e acabavam atrapalhando meu pai, como uma vez que eu estava jogando tampas de lata de tinta para o alto, para ver quão longe iam (como num lançamento de disco) e num dos lançamentos acabou indo errado e acertando em cheio as costas dele. Lembro que saà correndo para não apanhar.
Em outra ocasião, eu estava brincando de pegar as touceiras dos matos que meu pai carpia e pegava para jogar para o alto, como uma grande peteca pesada. Era interessante porque ia bem alto e sempre caÃa em pé, pelo peso do torrão. O problema foi que numa dessas quedas, caiu justamente na cabeça dele. Para variar, saà correndo para não apanhar. Apesar da peraltice, nenhuma das vezes a intenção foi acertar ele com alguma coisa.
Num certo dia, porém, o espÃrito da travessura se apossou e resolvi fazer uma coisa que não deu muito certo. Depois do almoço, era costume meu pai pagar uma cadeira de praia e sentar na frente da TV, para assistir o jornal e depois tirar um cochilo. Era uma dessas cadeiras que dá para ajustar, de forma a ficar quase deitado. Pois bem, ele estava cochilando na cadeira e eu tive a brilhante ideia de dar um pequeno "susto" nele.
Era uma cadeira bem parecida com essa, só não tinha aquela alça metálica to encosto na ponta.
Cheguei bem sorrateiramente por trás e puxei a parte do encosto da cadeira pra baixo. Por ação instintiva e pelo susto, meu pai levantou os braços pra cima e acabou acertando meu queixo com força. Resultado, um dos meus dentes incisivos de baixo bateu contra os de cima, quebrando a ponta. No instante nem dei muita atenção para isso e sim, foi em correr e me esconder, já entendendo a burrada que havia feito.
Senti a dor do dente de baixo e passando a lÃngua já sabia que havia quebrado. Mesmo assim, esperei escondido por algumas horas, esperando meu pai ficar mais tranquilo, pra poder mostrar o que havia acontecido. Primeiro fui conversar com minha mãe. Depois da preocupação, deu bastante risada e falou que meu pai não estava bravo, e sim preocupado. Fui mostrar pra ele, pedi desculpas e mostrei o serviço. Senti muito mal por ter feito aquilo, e prometi a mim mesmo não fazer mais esse tipo de brincadeira. Fui ao dentista arrumar o dente e apesar do susto, havia lascado um pedaço da ponta, não sendo tão grande quanto a primeira quebra de dente.
Após esse dia, havia aprendido a lição e nunca mais fiz qualquer tipo de arte ou peraltice. Entretanto o histórico das fraturas ainda estaria na metade....
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