Bem-vindo ao meu blog, onde eu coloco todas as coisas interessantes que eu tropeço!

É isso mesmo, eu já mordi a língua de um cachorro. Aproveitando a contar essa história engraçada, também uso da ocasião para deixar uma homenagem a este cãozinho que tanto marcou minha vida e da minha família. 

Esse cachorro em questão, de nome Pingo, era o xodó da família, um pequenino vira-lata que eu conheci ainda quando nem tinha aberto os olhos e cabia na palma da mão. Era um dos filhotes, de uma ninhada de 6. A mãe era um cachorro de rua e deu à luz num buraco, num terreno baldio perto de casa. Quando os filhotes nasceram, um dos vizinhos, que nunca cuidava nem dos próprios cachorros, resolveu ficar com eles. Um dos filhotinhos em questão havia chamado minha atenção pois era o único de cor diferente em relação aos demais - era branquinho com algumas manchas marrons. Já seus irmãos eram marrons e pretos. 

O vizinho percebeu que eu havia me interessado e perguntou se eu não queria comprá-lo. Achei um absurdo, pois os cachorros eram de rua. Mas como tinha sido o vizinho quem havia notado os filhotes antes, não pude contestar. Resolvi compra-lo e aproveitei e peguei outro dos irmãos dele, que foi nomeado de Roliço, pois era o mais gordinho de todos.

Quando trouxe para casa, a intenção era deixá-los no quintal, junto com os demais (já tínhamos mais outros três). Montamos um cercadinho, colocamos a casinha e tudo mais e deixamos eles lá. Choravam muito no começo e sempre queriam companhia. O Pingo a partir desse momento já começou a demonstrar sua esperteza e que não era um cachorro qualquer. Depois de uns dias, ele aprendeu a "escalar" a tela do cercadinho e pular, para ficar junto de nós, enquanto o roliço ficava chorando sem saber o que fazer. Após muita insistência e tentativas frustradas de barrar a escalação, como eram cachorros pequenos, resolvemos traze-los para dentro de casa. Eu havia achado a ideia o máximo, já meus pais no começo não haviam curtido muito, mas depois foram gostando da ideia.

Um mês depois veio uma baixa. Mesmo com vacinas e remédios, o Roliço começou apresentar muitos vermes e acabou morrendo. O Pingo, por sua vez, mantinha de saúde exemplar. O tempo foi passando e ele cada vez mais se tornando o xodó de casa, pois era muito inteligente. Entendia tudo o que falávamos e aprendia muitas coisas sozinho. Tinha um comportamento único de ser muito expressivo, e demonstrava suas vontades através disso. Era também um grude, sempre seguindo alguém de casa. Eu, na época criança, adorava brincar com ele. 

Uma das coisas que ele fazia muito, era lamber o rosto sem parar quando era pegado no colo e uma vez, resolvi brincar de abrir e fechar a boca batendo os dentes, enquanto ele lambia. Brincadeira sem noção e nem sei por que fiz. Foi aí que bem no instante que a fechei a boca acabei mordendo a língua dele. Não foi com força mas foi inesperado. Na hora ele soltou um grito de susto, mas logo depois começou a abanar o rabinho e já voltou a me lamber novamente.

 Este é o Pingo, lendário cãozinho companheiro. 


Esse cachorrinho marcou nossas vidas, acompanhando muitas coisas junto da nossa família. Uns 10 anos depois, ele latindo no portão e um dos filhos daquele vizinho que havia me vendido, passando na frente da rua de casa, comentou surpreso que o cachorro ainda estava vivo. Não me surpreendeu o comentário, já que os demais filhotes que haviam ficado com eles já haviam morrido há muito tempo. O vizinho ficou com eles apenas enquanto eram filhotes. Assim que começaram a crescer, ficavam mais abandonados na rua do que cuidados, e o vizinho acabou dando um sumiço neles depois de um tempo.


Saudades imensas desse pequeno grande cãozinho.


O Pingo, esse cãozinho lendário, viveu por quase 20 anos. Foi o cachorro mais velho que tivemos e também o que mais deixa saudades. 

Godspeed, my dearest Pingo.


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